As tecnologias de descarbonização foram o grande destaque da Gastech 2022, realizada de 5 a 8 de setembro, em Milão, na Itália. De olho no grande potencial de projetos de transição energética, o diretor comercial da Toyo Setal, Rafael Ribeiro Mendonça de Lima, participou do evento para aprofundar o conhecimento sobre esse setor. “O seminário que discutiu o uso de hidrogênio como substituto do gás natural trouxe muita informação sobre os avanços das tecnologias, projetos-piloto e tendências”, diz Rafael.
Em seu relatório, produzido para compartilhar as informações com a equipe da Toyo Setal, Rafael destaca que a crise de abastecimento de gás natural na Europa parece acelerar o desenvolvimento de projetos de hidrogênio a fim de reduzir a forte dependência do gás natural russo.
Hoje, o gás natural tem uma participação muito importante na matriz energética globalmente. Ele é utilizado tanto próximo dos campos de produção, transportado por gasoduto, como pode ser liquefeito e transportado por via marítima e regaseificado no destino.
“Existe um movimento para substituir o gás natural por hidrogênio de fontes renováveis, o chamado hidrogênio verde. Há muitos projetos nesse sentido, mas ainda é um mercado embrionário. Pelo grande potencial de geração de energia renovável, o Brasil ficará numa posição vantajosa”, diz Rafael.
Em larga escala, as principais regiões para o desenvolvimento de projetos de hidrogênio verde são o norte da África e Oriente Médio, que estão próximos de grandes consumidores na Europa e Austrália.
Segundo ele, a Toyo Setal está atenta a esse mercado em desenvolvimento, já tendo dado suporte e participado de cotações e estudos com essa configuração. A empresa fez um mapeamento dos principais detentores da tecnologia de eletrolisadores e fez uma aproximação com esses fornecedores.
Desafios da transição
O alto custo da tecnologia de eletrolisadores é um dos empecilhos para a expansão do uso do hidrogênio verde, que pode ser considerado uma via de transporte para a energia renovável. “Especialistas preveem que pode levar mais de uma década para a transição do hidrogênio azul, a partir de gás natural, para o verde. Aumentar a eficiência da tecnologia é mais um ponto a melhorar”, diz Rafael.
Outro desafio global para que avance a migração para o hidrogênio verde é a logística. “Esse foi um dos principais temas discutidos na Gastech. Transportar hidrogênio líquido é muito mais complexo do que transportar gás natural liquefeito. O primeiro tem de ser transportado a menos 250 graus, e o GNL a menos 150 graus. O nível de criticidade e de segurança é muito maior para o hidrogênio líquido”, compara Rafael.
Mas esse gargalo vem sendo enfrentado. Os estaleiros da Hyundai, na Coreia, e da Kawasaki, por exemplo, estão desenvolvendo navios para transportar esse produto. A Kawasaki já teve o design aprovado. A próxima etapa são os testes de embarcação, para avaliar a segurança da operação. A Hyundai deve aprovar o projeto até o fim deste ano.
Enquanto isso, uma solução intermediária é a conversão de hidrogênio verde em amônia verde, que é mais fácil de transportar. “O governo japonês está realizando testes para operar termelétricas usando amônia verde como combustível, inclusive nas termelétricas existentes. Hoje, eles já têm bons resultados usando 20% de amônia e 80% de carvão. A ideia é fazer intervenções que permitam aumentar gradualmente o percentual de amônia e reduzir o carvão, aproveitando as usinas existentes e tendo um desempenho ambiental melhor”, diz Rafael.
Editora Conteúdo